POETA DA SEMANA
VERSOS MAGNÍFICOS QUANDO HÁ SECA NO SERTÃO SÓ NÃO MORRE A POESIA. MOTE: FELIZARDO NUNES GLOSAS BRÁS IVAN Morre logo a gitirana O feijão-de-corda seca Morre o milho na boneca Devido a seca tirana Murcha a flor da umburana Quando o carão silencia Se calam caçote e jia No fundo do cacimbão. Quando há seca no sertão Só não morre a poesia. Só se ver o chão rachado Onde existia água e lodo Sertanejo perde todo Algodão que foi plantado O caboclo é obrigado Fazer o que não queria Vender por baixa quantia Dois terços da criação. Quando há seca no sertão Só não morre a poesia. O camponês acanhado S'inscreve ao "Bolsa Familia" Chove discurso em Brasilia, Projeto pra todo lado Fica tudo engavetado Sem chegar onde devia Metade em burocracia Metade em corrupção. Quando há seca no sertão Só não morre a poesia. E quando a seca se estica Pintando de cinza as roças Fazendo secar as grossas Folhas da velha oiticica Um gato dorme na bica Por onde a água corria Depois que a chuva bat